segunda-feira, 10 de junho de 2013

Sexo, Drogas e Rock’n’Roll (RJ)

Espetáculo engraçado e inteligente, com
ótimo trabalho de direção e de interpretação
Foto: divulgação

Enfim, humor e complexidade no trato de um tema tão polêmico quanto contemporâneo

“Sexo, Drogas e Rock’n’Roll” é uma excelente comédia em cartaz no Teatro Leblon. O texto escrito pelo americano Eric Bogosian em 1991 e agora dirigido por Victor Garcia Peralta marca a volta de Bruno Mazzeo aos palcos em grande estilo. Eis aí um monólogo que, além de ser muito engraçado, tem um tom ácido (e extremamente inteligente) de crítica ao consumo de drogas, sem qualquer marca de moralismo ou preconceito. 

Mazzeo dá vida a seis personagens, todos eles, de alguma forma, ligados ao consumo de drogas. Com um figurino simples e um cenário neutro, as situações são basicamente construídas pela interpretação do ator que viabiliza o texto cenicamente. O encontro teatral, nesse sentido, é puro, valorizando o fluxo que, porque bem dirigido, constrói excelente entretenimento. O ponto alto da direção de Peralta está na edição do texto, bastante bem traduzido por Maria Clara Mattos: a peça tem o tempo certo, terminando exatamente na cena em que tem que terminar, sem que o assunto pareça se esgotar e restando aquele “gostinho de quero mais” que é tão caro a quem narra uma história. 

Bruno Mazzeo está em excelente trabalho de interpretação. Seus personagens se dão a ver pelas sutis variações de tonos corporais, entonações na voz, jeitos de olhar e principalmente pelo ritmo das pausas. A dicção é perfeita, o movimento pelo palco é bastante bem dosado e o domínio do repertório de comédia atende às expectativas. Em “Sexo, Drogas e Rock’n’Roll”, temos uma crônica teatral: simples, rápida, de fácil identificação, mas sem desperdiçar as oportunidades de lirismo que sorrateiramente lhe aparecem. 

Dani Sanchez assina um ótimo desenho de luz que, ao lado de mais um excelente trabalho de videografismo da dupla Rico e Renato Vilarouca, participam tão discretos quanto potentes dessa concepção. Vemos a luz e os vídeos, mas a forma abstrata como foram concebidos não os tornam um obstáculo, mas, ao contrário, mais alguns elementos que ajudam a manter a leveza necessária para a narrativa cênica. Exatamente nesse mesmo sentido, o cenário de Dina Levy, a trilha sonora de Plínio Profeta e o figurino. 

Produzido por Maria Siman, “Sexo, Drogas e Rock’n’Roll” trata das drogas no exato limite entre a apologia e a prevenção do uso. Por flertar ao mesmo tempo com os dois lados, sem decidir-se por um dos dois, a peça dialoga perfeitamente com a contemporaneidade, cuja marca maior é a complexidade. Se drogas não fossem boas, ninguém usaria. A inteligência está em andar nesse equilíbrio com maturidade, responsabilidade e, no caso dessa obra teatral, visível talento. Para ver muitas vezes! 

*

Ficha Técnica
Elenco: Bruno Mazzeo
Direção: Victor Garcia Peralta
Autor: Eric Bogosian
Tradução: Maria Clara Mattos
Direção de Produção: Maria Siman
Trilha: Plínio Profeta
Cenário: Dina Levy
Luz: Dani Sanchez
Projeto gráfico e vídeos: Rico e Renato Vilarouca
Produção Executiva: Joana D´Aguiar e Clarice Coelho
Realização: Primeira Página Produções e Bruno Mazzeo
Assessoria de imprensa: lu nabuco assessoria em comunicação

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