segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Caixa de phosphorus (RJ)

Ivan Mendes e Daniela Carvalho em cena
Foto: divulgação

Boas interpretações em mais uma peça sobre relacionamentos

“Caixa de Phosphorus” é mais uma peça sobre relacionamentos. Sem dúvida, esse um dos mais importantes gêneros do teatro carioca haja vista a quantidade mensal que produções desse tipo que estreiam e cumprem temporada, principalmente no Shopping da Gávea, na zona sul do Rio de Janeiro. Essa peça, como todas as outras, tem exatamente a mesma estrutura: um casal se conhece, se apaixona, vive bons momentos. Quando as diferenças começam a ficar muito grandes, as brigas começam e vem a separação. Cada um vai para um lado e o tempo passa. Então, vem o reencontro e a chance de recomeçar. Nesse caso, o nome do casal é Cris e Pedro, interpretados por Daniela Carvalho e por Ivan Mendes. A direção é de Suzanna Kruger e o texto é de Renata Mizrahi. Embora sem grandes diferenciais, o destaque deve ser dado à interpretação dos atores, cuja sintonia alcança o público e faz despertar algum interesse sobre essa forma já tão cansativamente batida. 

O melhor trecho do texto de Mizrahi é a repetição da cena do primeiro encontro, em que ouvimos os personagens confessarem o que sentem diante do que verbaliza o outro em sua frente. Como já ouviu-se o diálogo inteiro na passagem anterior, a atenção agora aumenta sobre as expressões que marcam a aparência que um quer passar para o outro nessa fase em que o casal está se conhecendo. O jogo é inteligente e bastante engraçado e é uma pena que ele não se repita ao longo dos outros momentos. Ao contrário, há o reforço o gênero apontado: as conversas entre si, os depoimentos virados para o público, o reforço das características de cada um, aqueles pontos que os fazem diferentes um do outro, etc.

A direção de Kruger passeia por lugares bastante comuns de um modo geral. Em alguns momentos, notam-se tentativas de criar situações mais ricas, mas nem o texto, nem a gênero as permitem de forma que esses pequenos momentos parecem ficar perdidos no todo. Há mérito na forma envolvente com que os atores usam as pausas e dão a ver um feliz jogo de encenação, o que marca uma direção cuidadosa. 

Carvalho e Mendes estão excelentes. Fazem rir de um jeito natural, expontâneo, positivo. As palavras são bem ditas, os personagens bem construídos, os movimentos são ágeis. Entre os dois, os acordos são bem feitos de forma que convencem a plateia de que há, de fato, alguma química entre eles, o que ratifica a boa interpretação dos personagens. 

Sem grandes cenários ou figurinos (as caixas fazem menção ao título, o figurino paira entre os óbvios tons de azul para ele e tons de rosa para ela), “Caixa de Phosphorus” está em cartaz no sempre congelante Teatro das Artes. Divertido.

*

FICHA TÉCNICA
Texto: Renata Mizrahi
Direção: Susanna Kruger
Elenco: Ivan Mendes e Daniela Carvalho
Iluminação: Aurélio de Simoni
Cenografia: Lia Farah e Rodrigo Noroes
Figurinos: Arlete Rua e Thais Boulanger
Trilha Sonora: Susanna Kruger
Arte Gráfica: Roberta Freitas
Fotografia: Alle Vidal
Assessoria de Imprensa: Daniella Cavalcanti
Produção Executiva: Neila de Lucena e Leandro Carvalho
Direção de Produção: Sandro Rabello
Realização: DIGA SIM! PRODUÇÕES

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