domingo, 20 de outubro de 2013

Clementina, cadê você? (RJ)

Elenco em cena
Foto: divulgação

Sem a justa homenagem

“Clementina, cadê você?” é um bom espetáculo de entretenimento, mas que deixa a cantora Clementina de Jesus (1901-1987) ainda sem a justa homenagem na passagem dos seus 50 anos desde o início de sua carreira. A peça é alegre, divertida e Ana Carbatti dá “conta do recado” na interpretação do personagem título de forma potente, bela e interessante. No entanto, sai-se do teatro, sabendo apenas dois trechos da vida da Rainha Quelé: como ela conheceu seu marido e como ela foi descoberta por Hermínio Bello de Carvalho, o que é pouco, considerando que foram 86 anos de vida para uma mulher negra, pobre e que fez e faz ainda muito sucesso. Com texto de Pedro Murad e direção de Duda Maia, o resultado estético é simplório, com movimentos dramatúrgicos e cênicos bastante simples, pouco ricos, perdendo oportunidades de representar metáforas que poderiam dar ao todo mais valor. A produção está em cartaz no palco principal da Casa de Cultura Laura Alvim, em Ipanema, zona sul do Rio de Janeiro, com Bruno Barreto, Bruno Quixotte, Sergio Kauffmann, Vidal Assis e Wendell Bendelack além de Carbatti. 

Clementina e um grupo de amigos (todos homens) estão em volta de uma grande mesa fazendo samba. À vontade, ela sente necessidade de atender aos pedidos que lhe chegam para contar um pouco mais de sua vida, driblando a memória e preenchendo os espaços vazios como sua imaginação manda (“Clementina, cadê você?” não é, assim, um documentário!). Começa a narração de como ela conheceu seu marido, Albino Pé Grande, isso ainda no início dos anos 30. Encerrada essa parte, Clementina começa a contar de como a fama chegou a ela, o que aconteceu no início dos anos 60. Depois, próximo do fim, a sua dor quando na ocasião de sua viuvez. A peça, em que 20 canções são interpretadas, termina sem que vários outros acontecimentos não tenham sido nem mesmo citados, esses que também poderiam ter sido usados como motivo para o repertório musical que se ouve. 

Bruno Barreto, Bruno Quixotte, Sergio Kauffmann, Vidal Assis e Wendell Bendelack se revezam a na interpretação de figuras (que não chegam a personagens): o marido, os filhos, Hermínio, amigos. Suas aparições são rápidas, sem forma dramatúrgica e pouca valorização do texto, mas nobres, porque é possível identificar boa integração de cada um no conjunto do elenco. Carbatti está, nesse trabalho, em lugar de destaque. Sua Clementina é doce, afável, além de talentosa. A vontade que o espectador sente de saber mais da personagem talvez não venha apenas de uma falha do texto e da direção, mas da forma vibrante com que a cantora é interpretada pela atriz. 

As cenas são rápidas e fluídas. Os figurinos, o cenário e o desenho de luz são muito simples e sem destaque. Em “Clementina, cadê você?”, além de Carbatti, a interpretação ao vivo das questões é o único ponto positivo, o que faz desse espetáculo um bom entretenimento e nada além. 

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FICHA TÉCNICA
Idealização - Cristiano Salgado
Texto - Pedro Murad
Direção - Duda Maia
Elenco - Ana Carbatti, Bruno Barreto, Bruno Quixotte, Sergio Kauffmann, Vidal Assis e Wendell Bendelack
Direção musical - Pedro Miranda
Cenário e figurinos - Clívia Cohen
Iluminação - Renato Machado
Diretora assistente - Letícia Medella
Preparação vocal - Carol Futuro
Engenharia de som - Branco Ferreira
Operador de som - Tig Picado
Operadora de luz – Tamara Torres
Diretor de palco - Rodrigo Ferreira
Fotografia - Pedro Murad
Design - Luiz Arbex
Assessoria de imprensa: Barata Comunicação
Direção de Produção e Produção executiva: CultConsult / Elaine Moreira e Maria Inês Vale
Realização: Espaço de Dança Cristiano Salgado

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