quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Auê (RJ)

Curta nossa página no Facebook: www.facebook.com/criticateatral
Siga-nos no Instagram: @criticateatral

Foto: divulgação

Fábio Enriquez e elenco

"Auê" mostra que a riqueza da música popular brasileira ainda está em alta
“Auê” usa o teatro para anunciar a riqueza da música popular brasileira com o mérito maior de ser um espetáculo com canções completamente originais. Dirigido por Duda Maia, o grupo “Barca dos Corações Partidos” se formou no processo de montagem dos musicais “Gonzagão – A lenda” e “Ópera do Malandro”, ambos dirigidos por João Falcão e produzido por Andréa Alves (Sarau Produtora). No elenco, estão Ádren Alves, Alfredo Del-Penho, Beto Lemos, Fábio Enriquez, Eduardo Rios, Renato Luciano, Ricca Barros e Rick de La Torre, todos eles também compositores ao lado dos colaboradores Moyseis Marques, Bena Lobo, Geraldo Júnior e Laila Garin. São 21 belas canções que tratam essencialmente do amor, de suas dores, de suas belezas e feiuras, de seus traços mais humanos. Em cartaz no Teatro de Arena – Espaço SESC Copacabana até 31 de janeiro, o espetáculo vale a pena ser visto por quem gosta de ouvir boa música e principalmente está aberto a conhecer novos e ótimos compositores nacionais.

O amor na dramaturgia
Do ponto de vista da dramaturgia, “Auê” está exatamente ao lado de outras produções recentes como “Beatles num céu de diamantes” (com canções dos Beatles), “Nada será como antes” (do Milton Nascimento), “Be careful, it’s my heart” (de Irvin Berlin) , “Palavra de mulher” (de Chico Buarque) e tantas outras. Lá como aqui, não há uma narrativa clara – embora ela seja possível -, mas uma justaposição lírica e melódica de textos que, unidos por um tema comum, tratam de um tema. A diferença é que aquelas produções partem da celebração de um compositor conhecido e trazem ao seu público seus trabalhos mais e menos famosos frequentemente em novos arranjos ou contextos poéticos. Já, em “Auê”, todas as composições são originais e os autores não são conhecidos do grande público. Esses dois fatores não têm qualquer relação com a visível beleza desse valoroso trabalho.

Na primeira canção, “A barca dos corações partidos” (Moyseis Marques e Bena Lobo), o grupo parte para enfrentar os perigos da vida e já sofre em “Versim de amor” (Renato Luciano). No talvez melhor quadro do espetáculo, Eduardo Rios apresenta o seu “Doideira de Amor – Cordel”, quando o personagem hesita se deve viver com o amor ou se deve retirar de si o coração e ficar “perdido”. Em seguida, vêm outras belas reflexões como “Já passou” (Beto Lemos e Geraldo Júnior) e “Saudade”(Beto Lemos) para então chegar à ótima “Vida doida” (Renato Luciano e Laila Garin). Fábio Enriquez protagoniza outro dos melhores momentos em “Dom de um amor só” (Eduardo Rios). O espetáculo chega ao fim com “Passarinho de toda cor” e com “Ali” ( ambas de Renato Luciano).

Belíssima luz de Renato Machado
Como acontece em espetáculos com esse tipo de dramaturgia, o espectador vai assumindo a responsabilidade pela narrativa que vai se descortinando. No palco, o elenco apresenta apurada investigação musical e corporal, driblando limites dos alcances vocais com lindas colaborações. Participam vivamente do quadro o sempre excelente desenho de luz de Renato Machado que, ao lado da direção de arte de Kika Lopes, eleva os méritos artísticos de “Auê”.

Música, dança, prosódia e cor fazem parte de “Auê” de maneira íntegra, permitindo ao público conhecer as canções, afeiçoar-se a elas, acompanhar seus personagens e viver enorme prazer estético. Eis aqui um espetáculo que vale a pena ser visto!

*

Ficha técnica:
Um espetáculo da Barca dos Corações Partidos
Direção: Duda Maia
Direção musical e arranjos: Alfredo Del-Penho e Beto Lemos

Com:
Ádren Alves (Percussão, sax soprano e vocais)
Alfredo Del-Penho (Violão, guitarra, baixo, cavaquinho, flauta, percussão e vocais)
Beto Lemos (Guitarra, violão, rabeca, sanfona e percussão)
Eduardo Rios (Sanfona, sax tenor e vocais)
Fabio Enriquez (Trompete, percussão e vocais)
Renato Luciano (Violão, trombone e vocais)
Ricca Barros (Baixo, sax alto e vocais)
Músico convidado: Rick de La Torre (Bateria)


Iluminação: Renato Machado
Direção de Arte: Kika Lopes
Direção de produção: Andréa Alves
Diretor assistente: Eduardo Rios

Coordenação de Produção: Leila Maria Moreno
Produção Executiva: Monna Carneiro
Assistente de iluminação: Rodrigo Maciel
Assistente de direção de Arte: Rocio Moure
Preparação dos instrumentos de sopro: Gilson Santos
Fotografia: Silvana Marques
Programação Visual: Beto Martins e Gabriela Rocha
Assessoria de Imprensa: Factoria Comunicação