quarta-feira, 8 de junho de 2016

Minha mulher se chama Maurício (BH)

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Foto: divulgação

Maurício Canguçu, Ílvio Amaral e Cláudia Lira

Méritos no riso gratuito

“Minha mulher se chama Maurício”, cuja primeira temporada carioca terminou no último dia 29 de maio, é a mais nova comédia dirigida por Cininha de Paula. Escrita pelo franco-armênio Raffy Shart, a farsa teve sua primeira versão brasileira a partir de texto traduzido por Jacqueline Laurence. Cheia de entradas e saídas e de muita confusão, a dramaturgia leva o público às gargalhadas. No elenco, Ílvio Amaral, Maurício Canguçu, Guilherme Oliveira, Cláudia Lira e Karina Marthin apresentam bons trabalhos de interpretação, divertindo a plateia que acorreu à montagem que esteve em cartaz no Teatro do Leblon. Um espetáculo para rir gratuitamente.

Bom vaudeville
Na peça, Katarina (Karina Marthin) descobre que seu amante Jorge (Ílvio Amaral) é casado. Enfurecida, ela vai à casa dele para revelar toda a verdade à sua esposa Marion (Cláudia Lira). Sabendo que a amante está a caminho, Jorge se aproveita da visita de Maurício (Maurício Canguçu), uma espécie de captador de donativos para uma ONG de ajuda psicológica, para se safar. Travestido da esposa de Jorge, Maurício recebe Katarina, mas também o marido dela, Roger (Guilherme Oliveira), que também chega disposto a se vingar. Enquanto tudo isso acontece, um casal de velhinhos aparece interessado em comprar o apartamento onde a trama se passa e acaba se envolvendo com a confusão.

Produzida em mais de 44 países no mundo desde 1997, quando foi criada, a comédia tem seu texto baseado nas peripécias e reconhecimentos como nos bons vaudevilles. Comparada a “A gaiola das loucas”, de Jean Poiret, a dramaturgia entretém embora, diferente dessa, não traga qualquer reflexão possível, o que não é pré-requisito para mérito. A versão cinematográfica de “Minha mulher se chama Maurício”, produzida na França em 2002, sem elogios da crítica, foi dirigida por Poiret.

Ílvio Amaral, Maurício Canguçu, Guilherme Oliveira, Karina Marthin e Cláudia Lira, com menos destaque para essa última, apresentaram trabalhos de interpretação dispostos francamente a divertir o público. Sem méritos relevantes em termos de expressão corporal, mas com força positiva no estabelecimento e na manutenção do diálogo aberto com a audiência, o elenco cumpriu seu papel a contento. A direção de Cininha de Paula, assistida por Gustavo Klein, aparentemente consistiu na disposição das marcas, sem oferecer ao texto algum conceito mais profundo.

Problemas no cenário e no figurino
O maior problema de “Minha mulher se chama Maurício” está nos aspectos visuais. O cenário de Marcos Flaksman perde várias oportunidades de contribuir para o realismo: paredes balançam, acrílicos são aparentes, decoração não condiz com os personagens moradores. O figurino age no mesmo sentido negativamente. Tudo isso barateia demais o humor, desvalorizando o trabalho. A trilha sonora de Ricardo Leão e a iluminação de Felipe Cosse quase não aparecem.

“Minha mulher se chama Maurício” não parece ter tido qualquer outra intenção que não o de apenas fazer rir. Esse também é um objetivo nobre em uma programação teatral democrática. Por isso, apesar dos problemas, a avaliação é positiva. 

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FICHA TÉCNICA
Texto: Raffy Shart
Tradução: Jacqueline Laurence
Direção: Cininha de Paula
Assistência de direção: Gustavo Klein
Elenco: Ílvio Amaral, Maurício Canguçu, Guilherme Oliveira, Karina Marthin e Cláudia Lira
Cenário: Marcos Flaksman
Trilha sonora: Ricardo Leão
Iluminação: Felipe Cosse
Produção: Cangaral Produções Artísticas
Assessoria de Imprensa: JSPontes Comunicação – João Pontes e Stella Stephany

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